Tecnologia

Ursinhos de pelúcia com inteligência artificial poderão contar histórias de ninar personalizadas

28/06/2023
Ursinhos de pelúcia com inteligência artificial poderão contar histórias de ninar personalizadas

Você confiaria em um ursinho de pelúcia com inteligência artificial, capaz de contar histórias personalizadas para o seu filho? Parece um roteiro de ficção científica mas, no que depender de uma fabricante asiática, produtos assim estarão disponíveis no mercado em breve. Para ser mais preciso, até 2028. Segundo Allan Wong, co-fundador da fabricantes de brinquedos VTech, os ursinhos “captariam” o que as crianças falam e usariam esses dados para criar contos personalizados.

No entanto, há quem levante muitos sinais de alerta, com a preocupação de que esse tipo de acessório seja vulnerável a hackers, por exemplo. Wong explicou, segundo o Financial Times, que os ursinhos usariam métodos de conversa, como chatbot (aqueles chats automáticos usados por empresas em aplicativos de mensagens e chats na web), para “gerar histórias personalizadas para a criança, em vez de ler um livro”. Então, conforme a criança passa mais tempo com o brinquedo e responde a mais perguntas, ele vai se tornando mais inteligente e conhecendo mais sobre o seu dono.

“Você pode incorporar não apenas o nome da criança, mas também as atividades diárias dela”, disse Wong, ao jornal. “O ursinho sabe que escola a criança frequenta e quem são seus amigos. Ele pode contar uma história e conversar com ele, como um amigo”, afirmou. “As crianças podem realmente falar com o brinquedo e o brinquedo pode realmente dar a elas uma resposta – existem muitas, muitas possibilidades”, entusiasma-se.

A VTech já lançou uma ampla gama de brinquedos inteligentes para crianças, incluindo tablets com tela sensível ao toque, smartwatches, câmeras e o KidiSnap Touch – um dispositivo semelhante a um celular, que tira fotos e permite que os usuários enviem mensagens para seus amigos.

O ursinho teria que ser equipado com um microfone para ouvir o que a criança diz 24 horas por dia, 7 dias por semana, a menos que fosse desligado, além de ter um alto-falante para falar com a criança. Algum dispositivo embutido no brinquedo pegaria o áudio, processaria e enviaria respostas.

Wong admitiu que os fabricantes de brinquedos devem analisar as possíveis preocupações com segurança e privacidade, antes que brinquedos como estes cheguem às prateleiras. Como o ursinho se tornaria rapidamente um “amigo” para a criança, ela, provavelmente, não pensaria duas vezes antes de contar a ele informações muito pessoais que poderiam, de alguma forma, retornar à empresa.

Para Jake Moore, especialista em segurança da ESET, uma empresa europeia especializada em segurança da informação, um gadget assim poderia expor muitos dados confidenciais – potencialmente sobre a mãe ou o pai.

“Toda vez que informações como o nome e os interesses da criança são inseridas em qualquer algoritmo de inteligência artificial, os dados são armazenados, analisados ​​e podem até ser vendidos a terceiros, o que pode criar problemas de segurança e privacidade no futuro”, disse Moore, em entrevista ao Daily Mail. “As crianças precisam se adaptar à nova era da inteligência artificial, mas também precisam aprender sobre os riscos e como e quando limitar o compartilhamento de dados pessoais”, alertou.

O conceito “assustador” de ursinhos com inteligência artificial já foi mencionado pela organização sem fins lucrativos 5rights Foundation, de Londres, que trabalha para proteger crianças on-line. Em 2021, a ONG revelou uma linha de brinquedos fictícios chamada “Twisted Toys”, como parte de uma campanha para destacar os perigos potenciais de dar dispositivos inteligentes para crianças.

A linha incluía um Share Bear, boneco que coletava e compartilhava os dados de uma criança, e um Pocket Troll, que examinava cada momento do dia de uma criança e a bombardeava com comentários indelicados. Havia também um livro de histórias com termos e condições que levariam centenas de horas para ler e um “talkie talkie”, que permitia que estranhos interagissem com crianças.

Allan Wong, da VTech, acredita que a inteligência artificial generativa – algoritmos como os do ChatGPT, que podem ser usados ​​para criar novos conteúdos, atualmente “não estão maduros” o suficiente para serem aplicados a brinquedos. Levará tempo para resolver questões de privacidade e esperar que os custos da tecnologia caiam antes que os exemplos cheguem ao mercado. Será que até 2028 teremos respostas?

 

fonte: Revista Crescer


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