Em “Só sei que foi assim, vol. 2”, Fernanda de Oliveira mistura fantasia e tradição oral para contar — ou reinventar — as histórias por trás das cantigas que marcaram gerações.
Com ilustrações de grandes nomes da xilogravura (J. Borges e Pablo Borges) e QR Codes com músicas interpretadas pela própria autora, a obra convida leitores de todas as idades a um mergulho na memória afetiva da infância brasileira.
A autora resgata o universo das músicas populares da infância brasileira com um toque de imaginação, humor e lirismo, recriando histórias que poderiam ter inspirado clássicos como Sapo-Cururu, Alecrim Dourado e A Galinha do Vizinho.
O livro dá continuidade ao primeiro volume da coleção e reúne narrativas ambientadas em diferentes regiões do país. Em uma delas, conhecemos Contrarides, o homem mais mal-humorado da Ilha de Marajó, que salva uma jovem indígena das águas — e com ela, dois sapos-cururu de estimação. Em outro conto, Araquídia, uma personagem da Catalunha, promete concluir uma paróquia em um ano, mas precisa escalar uma torre humana para colocar o sino faltante no topo, sendo então apelidada de Dona Aranha.
As histórias são inspiradas em causos, lendas e tradições orais, misturando realidade e ficção. Como essas situações viraram cantigas de roda? A autora responde com a mesma frase que dá nome ao projeto: “Só sei que foi assim”.
Com 21 xilogravuras assinadas por J. Borges e Pablo Borges, o livro destaca elementos centrais da cultura brasileira, como as tradições ciganas, a trajetória dos bandeirantes, a influência espanhola e a diversidade de dialetos e hábitos alimentares. As ilustrações dão vida aos contos e reforçam o caráter popular da obra.
Entre as canções reimaginadas estão Terezinha de Jesus, Na Bahia Tem, Borboletinha e Carneirinho, Carneirão. Há ainda um conto inédito sobre Ninoca, uma telefonista com talento para inventar anedotas — que teria sido responsável por várias dessas composições infantis. Uma das histórias mais curiosas narra como um casal batizou suas filhas com os nomes das galinhas do quintal: Crizelda e Tibúrcia, que supostamente teriam criado a música A Galinha do Vizinho.
Além das narrativas, a obra também oferece uma experiência sonora, os leitores têm acesso às cantigas com novos arranjos assinados por Giordano Pagotti e interpretadas pela própria Fernanda de Oliveira. Os estilos musicais variam entre xote, frevo, forró, maxixe, catira, baião, samba e toada.
Com linguagem rica e detalhada, o livro é voltado tanto para crianças quanto para adultos, valorizando o repertório cultural de diferentes gerações. “É um projeto que visita à história de cada brasileiro: falamos da produção da pamonha e do sabão, da nossa caatinga, das lendas, da natureza, das grandes fazendas do interior, das ladeiras de Salvador e dos búfalos de Marajó”, explica Fernanda.
Conhecida pelo apelido artístico “Fê Liz”, a autora é reconhecida pelo olhar poético e sensível sobre o universo infantojuvenil. “Ela faz jus ao nome”, brincam leitores e colegas, lembrando que suas histórias sempre terminam com um toque de esperança — como nos contos de infância.
Sobre a autora
Fernanda de Oliveira, ou Fê Liz, é escritora, compositora, cantora e produtora teatral, com mais de 25 anos de atuação voltada ao público infantojuvenil. Natural de Brasília e radicada em Copenhague, Dinamarca, realiza projetos culturais que aproximam o Brasil de outros países.
Autora de 37 livros, já foi reconhecida por instituições como a FNLIJ, o Selo Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio, o PNLD e a AEILIJ. A coleção Só sei que foi assim deu origem a uma exposição no Consulado-Geral do Brasil em Barcelona, com nova edição prevista para a Embaixada do Brasil em Copenhague.
fonte: LC Agência de Comunicação