Era uma vez…
Quantas histórias já começaram assim?
Sabemos que uma história para uma criança, não é apenas uma história. É o mundo inteiro ali naquele intervalo de tempo. As fantasias, as emoções, os dramas e as tragédias saem do livro e ecoam na vida da criança, como se fossem pistas, segredos e respostas para suas indagações e questionamentos.
Mas, sobre o quê uma criança interroga?
Sobre a vida, sobre a morte, como se nasce, por que me deram um irmãozinho, como se faz para chegar à lua, como que chove da nuvem, enfim, a criança é o princípio da vida e tem tanto para caminhar…
E como ainda não tem todas as respostas – talvez por saber já desde cedo que são as perguntas que importam – que a criança pequena cria dentro de si todas as fantasias necessárias para seguir nas suas pesquisas.
São nas histórias, pequenas ou grandes, com figuras ou sem figuras, que ela encontra um alento na sua caminhada. É na literatura infantil e não nos livros técnicos que ela se depara com um vasto mundo que lhe ajuda a elaborar suas dúvidas e até, muitas vezes, seus sofrimentos.
Ser criança não é tarefa pequena. Quem brinca quando criança é uma criança destemida! Aquela que vira princesa ou o maior herói de todo o universo, que faz da mãe uma fada, ou madrasta, ou a bruxa com maçãs suculentas; faz do pai o cavalo branco, o herói maior, salvador ou grande vilão, o arqui-inimigo fundamental… No mundo mágico infantil criança tem o poder de ser o que quiser!
É que nossa imaginação se sustenta nas letras, palavras e frases. O mundo se transforma naquilo que quisermos e nesse mergulho pela fantasia e imaginação, a criança encontra lá, escondido no fundo do mar ou flutuando numa nuvem (porque se pode sim mergulhar no céu!), um velho baú com o maior tesouro de todos, aquilo que temos de melhor: as artes.
É isso que por aqui nos inspiramos, nos encontros com os pequenos, vendo no brilho dos seus olhos, que se pode ser o que quiser quando a vida passa pelos livros, pelas artes e pelas boas palavras.
Afinal, como diz Leminski, quando fala do amor:
“… que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa.”
FIM.
Suzy A. Fortis Rengel e Wagner Rengel são proprietários da Escola Gaia e pais da Helena, Marina e Laura. Suzy tem formação em psicologia e pós graduação em Educação pela USP e é diretora geral da Escola GAIA. Wagner é psicanalista, escreve crônicas, contos e poesias e ajuda como pode lá na GAIA. Ambos são apaixonados pela infância, literatura e por tudo que tem vida.