O legado gigante da psiquiatra Nise da Silveira ganha nova voz na biografia homônima da educadora e doutora em história Patrícia Lessa. A obra marca a estreia da coleção “Lute como uma garota”, da editora Appris, que homenageia mulheres importantes na história do Brasil.
Voltado para crianças e jovens, o livro “Nise da Silveira” tem ilustrações da artista e pesquisadora Jéssica Fiorini Romero e foi lançado no dia 30 de março, em São Paulo.
No mês em que foi comemorado o Dia Internacional da Mulher, a vida e obra de Nise da Silveira seguem como inspiração para todas as vozes femininas. O livro traz a força dessa mensagem para os pequenos e jovens leitores.
“Nise da Silveira” fala sobre a formação universitária da médica, que revolucionou a psiquiatria no país e sempre esteve à frente de seu tempo. Única mulher a se formar em Medicina em uma turma de mais de 150 homens, Nise foi uma das primeiras a exercer a profissão no Brasil, entre os anos de 1921 e 1926.
Nascida em Maceió, filha de um professor de matemática e jornalista e de uma mãe pianista, Nise transformou o ambiente do hospital psiquiátrico, ficando mundialmente conhecida por suas descobertas e práticas terapêuticas e sua bandeira pelo combate a técnicas agressivas no tratamento de pessoas com doenças mentais.
“Ela sofreu perseguição dos colegas médicos e, muitas vezes, duros boicotes ao seu trabalho. Mesmo diante das dificuldades, ela manteve seu projeto de trocar a eletroconvulsoterapia (popularmente conhecida como eletrochoque) pelo afeto interespécie, com a terapia assistida por animais. Também não abriua mão do respeito e o carinho oferecido aos gatos e cães, que ela nomeou de coterapeutas. Hoje, sabe-se que muitas crianças conseguem grandes saltos na sua saúde com a equoterapia, mas, naquela época, não se falava sobre o tema”, lembra Patrícia.
A obra também conta a história, desconhecida do grande público, da relação profissional da saudosa sambista Dona Ivone Lara, na época uma jovem enfermeira, e Nise da Silveira. A grande dama do samba conduz a história do livro como narradora.
“Com certeza, a parceria de trabalho das duas foi fundamental para um projeto tão ousado envolvendo arte e afeto interespécies, sobretudo, se pensarmos que Dona Ivone Lara foi uma grande artista com voz e talento reconhecidos internacionalmente”, destaca a autora.
O encontro entre Nise e o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung também é lembrado no livro. A protagonista se inspirou na obra de Jung, fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicoterapia junguiana, que abordava o universo simbólico, com grande interesse na arte e na sua história.
Ao observar que muitas pessoas internadas no hospital psiquiátrico onde trabalhava criavam mandalas, a médica, que defendia a arte como forma de terapia ocupacional com os pacientes, percebeu uma conexão do seu trabalho com a obra do Jung, e passaram a trocar correspondências. Foi a convite dele que realizou uma mostra com as obras de seus pacientes em um congresso internacional realizado em Zurique, na Suíça, em 1957.
“Ainda vivemos uma desigualdade entre homens e mulheres. Os índices de violência e de feminicídio são enormes. Então, assim como em minhas pesquisas acadêmicas sobre as biografias de mulheres, tenho procurado dar visibilidade para as vozes das mulheres na história. Nise é uma mulher que conquistou o mundo, sua força e seu amor pela vida pode ajudar as crianças a entenderem que homens e mulheres podem realizar trabalhos incríveis”, conclui a autora.
Sobre a autora
Nascida no Rio Grande do Sul, é educadora, feminista e ecologista. Atua no ensino universitário presencial e à distância. É graduada em Educação Física e em História. Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Doutora em História pela Universidade de Brasília (UnB) e pós-doutora em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
O livro pode ser encontrado à venda neste link.
fonte: Auracom Assessoria de Comunicação