Exposição

Kobra ganha espaço para sediar instituto de artes no interior de SP

06/03/2024
Kobra ganha espaço para sediar instituto de artes no interior de SP

O interior de São Paulo vai ficar mais colorido. Isso porque as obras do artista plástico Eduardo Kobra terão um espaço especial na região, na cidade de Itu. Uma antiga área da Fepasa, ferrovia da cidade, foi cedida pela prefeitura, após uma concorrência pública, para ser a sede do centro de produção artística, cultural, turística e de educação do Instituto Kobra de Arte e Cultura, por 20 anos.

O artista, conhecido pelos murais espalhados pelo mundo, escolheu Itu para ser o seu papel em branco do projeto que tem sonhado há anos. Agora, Kobra busca apoio para colocar tudo em prática.

O Instituto Kobra foi criado em 2021 para usar a arte como instrumento de transformação social de adolescentes e jovens em estado de vulnerabilidade no Brasil. Na prática, o instituto já está funcionando. Os projetos tiveram atuação on-line inicialmente por conta do período de pandemia.

Uma das primeiras ações foi transformar um cilindro de oxigênio em obra de arte, a “Respirar”. O dinheiro com a venda da obra foi usado na construção de duas usinas de oxigênio no Amazonas.

Foto: Talissa Medeiros/G1

Agora, o sonho do artista é fazer da área do complexo ferroviário a sede do projeto. Mas o lugar ainda precisa de reformas e de investimentos. Os barracões, com mil metros quadrados de área coberta, estão vazios há mais ou menos seis anos.

“É um sonho que, primeiro, surgiu no coração de Deus, depois ele me passou essa missão e, com certeza agora, é o momento da gente concretizar isso”, conta.

Outra parte da concessão que Kobra venceu é uma área verde ao lado dos barracões, com pelo menos cinco mil metros quadrados.

foto: Courtesy of Metro/Arquivo Pessoal

A ideia do artista é erguer paredes e chamar artistas do mundo todo para colorir o espaço, como um museu a céu aberto inspirado no bairro Wynwood, em Miami.

“Já venho trabalhando com ações sociais faz tempo e concretizar num espaço físico está sendo muito bacana. É um ponto estratégico, que já está na historia, é um prédio de mais de 100 anos, já tem a característica adequada. O mais legal é que eu vou poder utilizar do espaço aqui do lado e fazer pela primeira vez no Brasil um espaço como foi feito lá em Miami, trazer os artistas do mundo todo para cá também e fazer todo um movimento de arte ao redor”, conta Kobra.

Para tirar o projeto do papel, o artista conta que é necessário investidores e parceiros dispostos a sonhar junto com ele e toda a equipe.

“Já recebi muitas pessoas se voluntariando para ajudar, mas agora a gente precisa também dos empresários, apoiadores, pessoas que sonhem junto com a gente, pessoas que amem aqui a região, porque a gente quer fazer algo pelo próximo. É um ato de amor. Através da arte, a gente vai poder tocar vidas e transformar a história de muitas pessoas.”

Foto: Google Street View

Prédio

A estação de Itu foi inaugurada com festas, na véspera do dia da célebre Convenção Republicana de Itu, em 1873, para poder receber parte dos congressistas pela nova estrada de ferro, novidade e fator de progresso na época.

O prédio atual foi construído entre 1941 e 1942 e já serviu como sede da Secretaria de Turismo de Itu. Vários armazéns estão à sua volta, mostrando uma esplanada original bem ampla. O ramal transportou passageiros até 1976. A estação foi desativada definitivamente em 1985. Desde 2020, é usado para o Trem Republicano.

Segundo a prefeitura, o local é uma antiga área que pertence à Fepasa, nos arredores da atual Estação do Trem Republicano. A área, que permaneceu sem uso durante anos, é espaço público que estava sob posse do município.

Para a Prefeitura de Itu, a parceria com Instituto Kobra reforça a postura da atual gestão em fomentar a cultura, o turismo e as artes com a ressignificação de espaços públicos para essas áreas, como já feito em outros locais.

Foto: Enio Godoy/Arquivo Pessoal

Carreira

Eduardo Kobra tem 48 anos e 3 mil murais em cerca de 35 países, e em diversas cidades e estados brasileiros. Só de carreira, ele tem mais de três décadas.

Pintando desde os 12 anos, Kobra conta que começou a desenhar em muros na clandestinidade, como pichador, ainda durante a adolescência.

Nos anos 1990, trabalhou fazendo cartazes, pintando cenários de brinquedos e criando imagens decorativas para eventos naquele que era o maior parque de diversões do Brasil. Sua arte urbana começou a ganhar visibilidade na década seguinte. Em 2007, apareceu com destaque na mídia pela primeira vez por causa do projeto Muro das Memórias.

Questionado sobre seu processo criativo, Kobra conta que todos seus projetos são baseados nos caminhos que trilhou, como paz, tolerância, respeito, coexistência, união dos povos, história e memória.

“É um pouco da experiência dos 35 anos, mas eu tenho linhas de pensamento bem definidas, então eu tenho caminhos que eu já trilho e, dentro desse caminho, eu vou evoluindo.”

“Quando eu recebo um convite para pintar eu vou fazer toda uma pesquisa a respeito do lugar que eu vou citar e ver qual a conexão que o lugar tem com meu trabalho. E aí eu vou desenvolver vários desenhos para chegar um resultado. As vezes a criação é mais difícil do que a pintura. Criar é mais complexo do que pintar. Pintar é como se fosse uma parte mais técnica, é um processo de reproduzir o que já foi criado. Agora criar é uma parede branca, você tem que pensar uma ideia. Então a ideia é a essência de tudo, é o mais complexo, então eu chego a fazer 10, 15 ou 20 desenhos para chegar no resultado que eu quero”, explica.

Foto: Drone Cyrillo

Obras

Em setembro de 2022, Kobra realizou em San Marino o impressionante mural de 1.300 metros quadrados, que conta a história e a lenda do país e do Monte Titano, ponto mais alto de San Marino, nos Apeninos, com 749 metros de altitude. E, pela primeira vez, uma obra de Eduardo Kobra foi eternizada em forma de selo.

Em Sorocaba, o prédio de uma escola recebeu o primeiro mural feito com a participação do público, que indicou quais livros não poderiam faltar nas prateleiras. A ideia surgiu a partir de uma pesquisa que indicou que o Brasil perdeu milhões de leitores nos últimos anos.

Ainda em Sorocaba, há uma obra do artista em preto e branco em uma padaria. O projeto ‘Muros da Memória’ retratou uma antiga fábrica de tecelagem do bairro Santa Rosália.

Foto: Mayara Corrêa/Arquivo Pessoal

Em Araçariguama, um mural que recebeu o nome de “A linha da vida” mostra o rosto de diferentes pessoas em várias etapas da vida. Na Rodovia Castello Branco um mural ocupa mais de 5 mil metros quadrados de uma fábrica com uma arte em homenagem ao chocolate.

“Todos os trabalhos são [importantes]. Como eu falei, para mim pode ser valendo milhões ou sendo de graça que o meu empenho vai ser o mesmo. O que eu gosto é do resultado do meu trabalho. Isso para mim é uma missão. A oportunidade que eu tenho de conhecer o mundo inteiro com a minha arte já é algo relevante e me interessa isso, poder conhecer as culturas, tradições, viajar com meu trabalho, o legado, e poder representar o Brasil também, de certa forma, através da arte”, finaliza.

foto: Drone Cyrillo

 

fonte: G1

imagem destaque: Ben Lao


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