Entre 2016 e 2020, 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade foram mortos de forma violenta no Brasil – uma média de 7 mil por ano. De 2017 a 2020, 180 mil sofreram violência sexual – média de 45 mil a cada ano.
Esses dados alarmantes foram revelados pelo Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado em 2021 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número de denúncias também é grande, só em 2022 já foram mais de 200 mil feitas pelo Disque 100.
Segundo Thelma Alves de Oliveira, assessora da diretoria do Hospital Pequeno Príncipe, o tema sobre violência contra criança é urgente, pois se intensificou no período da pandemia, permanecendo ainda velado, pouco visível e pouco falado.
“Em 2021, apenas no Hospital Pequeno Príncipe foram 618 atendimentos, um crescimento de 11%, sendo a violência sexual predominante, com 344 casos, ou seja, 55% do total. A violência é uma prática recorrente que precisa ser interrompida, aqui e agora. Promover o debate é uma ação necessária e transformadora”, disse.
Para estimular o debate sobre o tema, conscientizar a população sobre os direitos da criança e chamar a atenção da sociedade para a gravidade da situação, o combate à violência infantil é o tema da “Mostra Cinema e Infância”, que será realizada entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro na Cinemateca de Curitiba (PR).
A Mostra – voltada para o público adulto – terá exibição totalmente gratuita, com 12 curtas e médias metragens nacionais, entre ficções, documentários e animações, que trazem temas como violência sexual, trabalho infantil, prostituição infantil, violência de gênero, pobreza, homofobia e racismo.
Entre os títulos que serão apresentados sempre às 19h, estão “Menina Espantalho”, “Bicho do Mato”, “Carreto”, “Sem Tempo Para Brincar”, “Bicha Bomba”, “Eu Sou o Superman”, “O Silêncio de Lara”, “Morri na Maré”, “O Fim do Recreio”, “Mundo Sem Porteira”, “Cordilheira de Amora II” e “Vida Maria”.
Para assistir aos filmes, o público deve retirar os ingressos na bilheteria uma hora antes do início de cada sessão. Os filmes também ficarão disponíveis de forma on-line, por 30 dias, no site da Mostra.
O evento conta com a curadoria do cineasta Luciano Coelho e do psicanalista Glauco Machado. Luciano diz que o projeto é muito mais do que uma mostra de cinema, pois aborda temas sensíveis, atuais e preocupantes na sociedade. “O projeto busca conscientizar os espectadores para a vulnerabilidade infantojuvenil frente à violência em suas diversas facetas, bem como para o necessário conhecimento e posicionamento por parte dos adultos que convivem e atuam profissionalmente junto à infância e adolescência”, afirma.
Bate-papos
Os três dias de exibição serão seguidos de bate-papos com a curadoria e realizadores, com o intuito de ampliar a reflexão sobre o tema. Algumas sessões contarão, ainda, com recursos de audiodescrição, legendas e libras como forma de promover a acessibilidade.
No primeiro dia da Mostra (30), acontece o bate-papo com Luciano Coelho (Sem Tempo Para Brincar). Na sequência (dia 31), é a vez do de Vinicius Mazzon, co-diretor do filme O Fim do Recreio. No encerramento, dia 1 de setembro, o encontro é com a cineasta Juliana Sanson, diretora do filme Bicho do Mato.
Viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Mostra Cinema e Infância tem como instituição beneficiada o Hospital Pequeno Príncipe e conta com patrocínio de Acso, Decolores Mármores, Bianchi, Stampa, Plast & Pack, Sideral, Grupo Bacarin, Nipponflex, ALT e Crios Industrial.
A programação completa está disponível no site da Mostra, neste link.
fonte: Mostra Cinema e Infância