Literatura

“Antiprincesas” traz histórias de mulheres reais e extraordinárias para crianças

01/03/2023
“Antiprincesas” traz histórias de mulheres reais e extraordinárias para crianças

Não usam tiaras, não vivem em castelos e não têm superpoderes, mas mudaram o mundo à sua maneira. Frida Kahlo, Clarice Lispector, Violeta Parra e Juana Azurduy são algumas das heroínas que fazem parte da coletânea infantojuvenil Antiprincesas.

Contar as histórias das heroínas latino-americanas. Mulheres reais que conseguiram ser extraordinárias. Esse é o objetivo da coleção. A série rompe os paradigmas dos tradicionais livros infantis que trazem histórias de princesas indefesas, frágeis, delicadas, de cabelos impecáveis em busca de seu príncipe encantado. Idealizada pela escritora Nadia Fink, escritos com uma linguagem acessível e ilustrados a cores (com uso de algumas imagens reais) do argentino Pitu Saá, a coleção foi lançada em 2015, pela editora argentina Chirimbote e traduzida para o português pela Sur Livros.

Da pintura à literatura, passando pelas lutas políticas e a música, estas são histórias inspiradoras que não podiam estar mais longe do “viveram felizes para sempre”. Por isso mesmo, a primeira coisa que se vê quando se abre os livros são histórias de mulheres que “não se deixaram ficar à espera e, com vontade de ir mais longe, procuraram compreender o mundo de outra maneira, superaram obstáculos e deixaram uma obra que está para lá do tempo”. Sem tiaras nem coroas, mas com muitas outras coisas na cabeça.

Porém, não é somente de mulheres guerreiras que a coleção é feita. A série também conta com dois personagens masculinos: o escritor, tradutor e intelectual argentino Julio Cortázar, que é considerado um dos autores mais inovadores e originais de sua época. E o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano, um dos principais expoentes do Antiamericanismo e Anticapitalismo na América Latina no Século XX.

Quem são estas antiprincesas?

Antiprincesa nº 1: Frida Kahlo

Exemplo de força e de um imaginário sem igual, Frida Kahlo usou cores fortes para pintar o sofrimento da sua vida. Resumindo com a mesma linguagem acessível do primeiro livro da coleção. Frida nasceu em 1907, teve uma perna defeituosa, motivada por uma doença aos seis anos (poliomelite), e ficou presa à cama. Para a entreter, a mãe montou um cavalete e um espelho sobre a cama. “A princípio, Frida enfurecia-se por se ver tão imóvel, mas acabou por decidir que seria a sua própria modelo. […] Começou assim a pintar auto-retratos. E, para que a acompanhassem na solidão, acrescentava animais: nas suas pinturas passeavam macacos, cães, veados e papagaios.” Ao longo da vida pintou-se a si própria e ao México, ao muralista Diego Rivera, com quem casou, aos animais que a acompanhavam na grande Casa Azul, hoje uma casa-museu, e às lutas sociais.

No final, há várias atividades sugeridas, desde pintar um auto-retrato a recriar um quadro de Frida Kahlo.

Antiprincesa nº 2: Violeta Parra

Violeta Parra foi uma artista chilena que viajou pelo seu país com uma guitarra no ombro, para ouvir e salvar do esquecimento as canções tradicionais do Chile. Nascida em 1917, numa família pobre, aprendeu a tocar sozinha, imitando os pais às escondidas (eles eram músicos de folclore mas já lhe tinham dito: “nada de ganhar a vida com a música”). Teve de usar saias feitas de cortinas e cantar na rua, em troca de esmola, encontrou e perdeu o amor em Santiago, para onde se mudou à procura de uma vida melhor, e percorreu as zonas mais obscuras do país, muitas vezes com os filhos pequenos, para ouvir e gravar, da boca dos mais velhos, as canções tradicionais que já estavam desaparecendo. “A minha única vantagem é que, graças à guitarra, pude deixar de descascar batatas. Porque eu não sou ninguém. Há muitas mulheres como eu por todo o Chile” é uma das citações do livro.

No final, há várias sugestões de jogos aos leitores, como pedir aos familiares mais velhos que cantem uma canção de sua juventude ou compor uma música com palavras inventadas.

Antiprincesa nº 3: Juana Azurduy

Se fosse uma princesa da Disney, Juana Azurduy, seria Mulan (ou seria Mulan uma versão Azurduy). Guerreira e heroína nascida em 1780, foi uma espécie de Joana D’Arc da Bolívia que pegou uma espada para lutar pela libertação do seu país, na época, colonizado pelos espanhóis. Histórias e lendas se cruzam no livro, mas há vários fatos que são verdadeiros: aos 17 anos entrou num convento, “para onde as mulheres da altura iam para se tornarem freiras ou para estudarem”, mas foi expulsa pouco tempo depois. Casou aos 19 anos com um lavrador e juntos batalharam pela independência, ao lado dos guerrilheiros. Juana lutava a cavalo, armada com pistolas e um sabre, numa altura em que as mulheres não eram permitidas no exército. Não só lutava como um dia teve de salvar o marido que tinha sido feito prisioneiro, invertendo a ordem das histórias dos cavaleiros que salvam princesas de dragões em castelos. Comandou um esquadrão chamado Os Hussardos, teve cinco filhos e depois da morte do marido, Manuel Padilla, numa batalha, foi para a Argentina, tendo regressado à Bolívia com a independência do país, em 1824.

Antiprincesa nº 4: Clarice Lispector

Mais do que uma antiprincesa, “esta brasileira considerava-se ‘anti-escritora’, porque não gostava de estruturas acadêmicas, nem de regras, e escrevia onde e como podia: em post-its, guardanapos ou com a máquina de escrever no colo” está escrito na primeira página do quarto livro da coleção. Com excelente escrita e uma personalidade forte, Clarice Lispector é o tipo de mulher difícil de resumir. De “olhar felino”, como escreve Nadia Fink, Clarice Lispector nasceu em 1920, na Ucrânia, e foi para o Brasil com um ano de idade, no navio que os pais, judeus, tiveram que embarcar para fugir das perseguições antissemitas. Desde pequena gostava de inventar histórias com as amigas, sobretudo de contos que não tinham fim. Ao longo da vida escreveu romances (muitos com o famoso final aberto, todos desconcertantes), livros infantis protagonizados por animais, e crônicas nos jornais para ganhar a vida. “Escrever é usar a palavra como isca, para pescar o que não é palavra.” é uma das citações de Clarice presentes no livro.

Antiprincesas é uma excelente indicação de leitura para toda a família e também uma ótima sugestão de presente para o Dia Internacional da Mulher.

Nós do Muralzinho adoramos a série, e você?

 

fonte: Portal Observador/PublishNews/EBC Empresa Brasil Comunicação


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